Charles Burns é considerado um dos grandes nomes dos quadrinhos underground, e ao ler Black Hole você entende o porque disso.
Primeiramente, este é um quadrinho que demorou 10 anos para ser concluído. Ele começou a ser publicado em 1995. E um dos elogios que logo de cara você pode dar quando pensa nisso é em como Burns conseguiu manter a coerência da sua história, a desenvolvendo durante tanto tempo, já que a publicação da Darkside compila todos os volumes da obra.
Além disso, a Graphic Novel ganhou o Eisner em 2006 e nove Harvey Awards, fora outras premiações da nona arte. Isso já é o suficiente para que você ao menos dê uma chance a essa leitura.
Na história acompanhamos a vida de 4 jovens que vivem em Seattle no final dos anos 70, numa época onde sexo, drogas e rock 'n' roll estavam na moda, além disso em comparativo temos a época onde a aids começou a se disseminar no mundo e isso em minha análise é uma comparação direta a uma das principais características do quadrinho, as mutações que os jovens sofrem quando se relacionam sexualmente com algum jovem infectado. Apesar de não ser o foco principal, essa mutações acabam afetando a narrativa e a vida dos quatro protagonistas. Assim como no início da Aids, quando não se sabia muito sobre a doença e as pessoas repudiavam os infectados, a mesma coisa acontece com os jovens que sofreram alguma mutação em Black Hole. Inclusive, eles possuem até uma pequena comunidade que vive nas florestas.
Comparações metafóricas a parte, tudo isso faz com que o plano de fundo do quadrinho esteja montado para contar como era a vida da juventude da época, seus dilemas e preocupações e principalmente o rito de passagem para a vida adulta.
Black Hole é um primor de narrativa, apesar de não ser um quadrinho para muitos, a forma como cada personagem é retratado é excelente e provavelmente, você irá se identificar com algum dos problemas que eles passam. Enfim, mais uma publicação da Darkside está sensacional.